01/07/2019 | Desenvolvimento Social

Junho foi o mês das crianças em Moçambique

Ruben Cossa, da Petrogal Moçambique, dá-nos uma visão pessoal e muito próxima das iniciativas Galp e Fundação que semearam sorrisos pelas comunidades durante todo o mês de Junho

Partindo do dia mundial da criança como mote, o mês de Junho foi o eleito para celebrar e reconhecer a importância da educação e do papel dos professores e famílias para o desenvolvimento das comunidades. A Fundação Galp e os seus parceiros locais dinamizaram um conjunto de ações em várias geografias de Moçambique durante este mês, que contaram com o envolvimento das nossas pessoas, como é o caso do Rúben Cossa, Delegado Comercial Norte da Petrogal Moçambique, e Minélia Ferreira, do Marketing e Comunicação da Petrogal Moçambique.

Ruben faz parte da equipa Galp como Delegado Comercial da zona norte de Moçambique. Natural de Maputo, atualmente reside em Nampula e é presença assídua nas iniciativas de Responsabilidade Social que a Galp desenvolve no país. Cerimónias, entregas de bolsas, kits ou bicicletas, sessões de informação e conhecimento sobre a mulher, seja qual for o evento, o pai de duas meninas, sente-se orgulhoso por fazer parte destas iniciativas e realça a tranquilidade com que consegue conciliar esse trabalho com a sua vida profissional. “Gosto de trabalhar com a comunidade e tenho todo apoio dos meus superiores tanto em Moçambique como em Portugal”, diz tranquilamente.

Acerca do mês de Junho, Ruben é muito positivo. “Correu muito bem e foi celebrado com muita energia”, defendendo ainda que estas iniciativas são uma grande oportunidade para as crianças confraternizarem. Inseridas num contexto complexo, estas iniciativas ajudam a colmatar os maiores problemas que estão a olhos vistos para quem visita as comunidades. No norte de Moçambique, o índice de alfabetização é de 63%, número que compreende apenas o ensino básico, de 1ª a 5ª classe. Os motivos de desistência ou abandono escolar vão desde o casamento prematuro, onde 48% dos jovens de Nampula e Cabo Delgado casam antes de completar os 18 anos, à pobreza absoluta. 67% das crianças dos distritos que contam com o apoio da Fundação Galp e da Helpo, cerca de 30% estudam ao ar livre, não existem creches para as crianças, material escolar ou necessidades básicas, como os lanches, não conseguem ser totalmente asseguradas na escola.

O ano letivo de 2019 começou com 100% dos alunos a frequentar as aulas a tempo inteiro. No entanto, por questões de alimentação, material escolar ou deslocação, muitos dos alunos destas regiões acabam por não conseguir comparecer e abandonam os estudos. Hoje, a escola conta com 80% de alunos a frequentar as aulas a tempo inteiro graças ao apoio da Galp e da sua Fundação. Para além das baixas condições económicas, existe uma desvalorização da educação por parte das famílias, uma vez que a única atividade que garante a sobrevivência é a agricultura, a pastorícia ou o casamento.

“Com o apoio da Galp conseguimos, só no primeiro semestre, resgatar 22% das crianças que tinham abandonado a escola para ajudar os pais nos trabalhos domésticos, pastorícia, agricultura de subsistência e pequenos negócios”

Para além do impacto que tem nas crianças, toda a mobilização para a educação começou a contagiar também as gerações anteriores. Existem já alunos a ensinar os próprios pais a ler e a escrever. Nas últimas celebrações, Ruben relatou-nos um momento que ilustra essa realidade: “um pai aproximou-se para agradecer, na escola de Natoa, porque ele e a esposa não conseguiram estudar e a única fonte de sobrevivência é a agricultura, mas hoje têm uma filha que frequenta a 5ª classe com o apoio da Galp e da Helpo, e no período da tarde tem ensinado os seus pais a ler e a escrever”.

Além do apoio em termos de alimentação, material escolar ou mobilidade, o investimento na educação, principalmente pelo exemplo, é fundamental para contribuir para o desenvolvimento destas comunidades. A GirlMove é um exemplo de parceria que a Galp e a sua Fundação construíram com esse propósito.

“Graças aos programas levados a cabo pela Girl Move as raparigas (Mwarusis) têm uma maior noção do risco que correm com os casamentos prematuros e o valor da mulher e da sua formação na sociedade.”, diz Ruben, que esteve presente nas celebrações do dia da criança que coincidiram com o final do bloco “Eu projeto-me” do projeto, onde se proporcionarammomentos de dança, literatura e cânticos.

Ruben encerra a nossa conversa com um misto de orgulho e esperança no futuro. Por poder comprovar o impacto, que diz ser a olhos vistos, deixa algumas sugestões de intervenção, como é o caso do investimento no ensino superior, o exemplo que referiu, em áreas que possam ser uma mais valia para a Galp e para o desenvolvimento das comunidades de forma a continuar e a consolidar o trabalho desenvolvido até então.

O mês da criança

As celebrações começaram no início do mês, dia 1 de Junho, em Natoa, Murrupula e Namialo com várias atividades e surpresas organizadas para as comunidades. Em Natoa foi organizado um almoço para a comunidade escolar, que juntou 600 crianças e 40 encarregados de educação, professores e líderes da comunidade, que estiveram presentes nas festividades e ajudaram na confeção do almoço.

Já nas escolinhas de Murrupula e Namialo, a acompanhar a barra de sabão, o kit de medicamentos e alimentos que as crianças recebem todos os meses, desta vez foram entregues brinquedos, uma surpresa especial para estas crianças que não estão habituadas a receber estes pequenos gestos no seu dia-a-dia. Ao todo, as ações envolveram mais de 900 crianças, mais de 50 professores e líderes das comunidades e a distribuição de mais de 300 brinquedos.

“Eu protejo-me”

Dia 7 de Junho as celebrações continuaram com muitos momentos de dança, teatro, música e desenho nas duas escolas primárias de Teacane e Mulhaco, em Nampula. Além da festa de celebração, foram também realizadas sessões com o tema “Eu protejo-me” lecionadas pelas mentoras do projeto Girl Move para as Mwarusis, onde é reforçada a importância da educação para o papel da mulher na sociedade. A sessão contou com mais de 250 pessoas presentes.

Na semana seguinte, dia 12 de Junho, foram entregues 1156 kits com t-shirts Galp no âmbito da parceria “Educar para o Futuro” com a Helpo na escola de Natoa, uma ação que contou com a presença de mais de 1000 alunos, encarregados de escolas e líderes das comunidades.

A primeira ida ao cinema

No seguimento das celebrações e com o mote do dia da criança africana no passado dia 16 de junho, a Petrogal Moçambique, em parceria com a Plataforma Makoboproporcionou a primeira experiência de cinema a 30 crianças deste projeto. “O filme escolhido foi Aladdin e a Lâmpada Magica, e foi um dia inesquecível para estas crianças que ao início estavam ansiosas e, no fim, ficaram visivelmente emocionadas. Agradeceram o gesto da Petrogal Moçambique, tendo declarado em uníssono que jamais se esquecerão deste dia, que gostaram do passeio, e que aprenderam muito com a história que o filme retrata”, partilhou connosco Minélia Ferreira, da equipa de Marketing e Comunicação da Petrogal Moçambique, que acompanhou a iniciativa.

5ª sessão "Educar para a Saúde"

Para encerrar o mês de celebrações foi organizada a 5ª sessão de educação para a saúde no passado dia 26 de Junho com o tema “papinhas enriquecidas”. A sessão juntou mais de 200 mães e pais da comunidade de Natoa, onde estes puderam participar na própria confeção dos alimentos, de forma a pôr em prática os conhecimentos adquiridos.

 

 

 

Imprimir

Partilhar: